Sorrindo , pensando , falando , gritando Por alguém de algum lugar Um sonho de vidro numa estrada imensa... Um lugar que só queira amar . Um sol que queima um asfalto frio . Final de horizonte pra descansar . A mão estendida um gesto em perdão . A fome que passa derruba e não vê Que matou você Por que ? Luar prateado a beira mar ... é música solta pelo ar Nos livros há duvida e o por que ... E a flor que vai nascer . Quem sabe das mãos que a criou ... E da terra que brotou . Tudo isso eu não sei dizer . Por que ? Eu sei que no céu . Palavras ... luzes ... e cores .... beleza .... natureza Pedindo , clamando , olhando , cantando Por alguém de outro lugar ... Um sonho , um sorriso , a estrada eh pequena . E nos vamos devagar A passos largos contra a tempo ... Na esperança de chegar . Viola sem corda não pode gritar . E o sol numa noite não pode brilhar . Tudo isso eu não sei dizer . Por que ? Eu sei que no céu
Há luzes ... estrelas ... e pássaros .... no azul .
Eu posso estar voltando pro Rio . Eu posso estar dentro do navio ... Ou indo pro Japão . Eu posso estar na Torre Eiffel Eu posso estar mais perto do céu . Ou dentro do avião Que é só com você ... só com você ... minha menina . Que é só com você ... só com você ... minha menina . Eu posso estar voltando pro Rio . Com a mesma energia de alguém que partiu ... Do aeroporto Galeão . Eu posso estar na Torre Eiffel . Brincar de soldado no meu carroussel ... Voltando pro Japão .
Que é só com você ... só com você ... minha menina . Que é só com você ... só com você ... minha menina . Carroussel - QUALIDADE DIGITAL
Aconteceu Depois de tantas voltas que o mundo deu . Depois que eu vivi e você viveu . Novamente vou ti amar Vem dizer ... Se toda a energia que vem de você . Implode na minha , sabe por que . Novamente eu vou ti amar . Vem com essa força cristalina Esse amor que ficou pelo rastro da razão ... Com teu sorriso de menina No suor do corpo há doação Jamais pensei , depois de tanto tempo . Derramar sobre teu corpo um sentimento... Que fica assim ...que fica lá . Entre tudo que eu sei decor. Nas gotas do nosso suor .
Meu primeiro Natal aqui no meu país , como descreve-lo ? Ontem a noite optei , por não ir a uma reunião familiar , uma vez que Natal é uma festinha , da cultura do meu país , muitissimamente delicadíssima , preferi não ir . Ao mesmo tempo ter que encarar-me no espelho , e dizer : - e ai meu brother , como é que vai rolar o churrasco ? Melhor dizendo um carreteiro , um carreteirozinho bem na manha do ganso , uma pinguinha , um cervejinha e um soul-music de fundo pra ilustrar meu Natal apoteótico , né !
Engraçado , né ! Ano passado quando eu estava lá , queria estar aqui , e agora que estou aqui queria estar lá . Que merdinha , né ! Senti falta de tantas pessoas , ... tantas pessoas , ... da Cathy , da Monika , da Mônica , do meu amigo João Artur , do João Lauro , da Fátima , da Maya , da Maria Rosa , do Fernando , do Augusto , do Cássio , de uma que nunca mais vi : a Magda Suzana , quando eu fazia curso de contabilidade no colégio Cruzeiro do Sul , uma paixão que nunca teve resultado . Da Nara , do meu amigo Cristiano , do Iijima , parceiro de garrafa , gente finíssima , do Brother do bar do Picote , da Barbara , da Ana Paula , outra paixão que nunca consegui chegar perto , a não ser pegar a mão dela . Da Kumiko , do cachorrinho que batizei de MOCOTOZINHO CHAN , da Chieko , minha esposa que nunca assumiu a relação de amor que eu queria dar pra ela , da Glacy , do Hospital de Clínicas , amor simplesmente carnal , da Tânia que chamo de Preta e que ainda não escorreu pelas dedos das minhas mãos . Senti muita falta da minha mãe , falta da minha mãe . Que amor grande que nos tínhamos um pelo outro , era mágico entre nós , uma pessoa que amei em toda minha extensão psíquica na minha vida .Como eu gostava da minha mãe . E o engraçado , que a gente só toma consciência dessas coisas depois que perde , né ! Senti falta da Haruko , que amei de verdade e que acabou uma relação por e-mail . Vivendo e tomando conhecimento das coisas sempre . Falta da Yoko , que simplesmente sumia e reaparecia da noite pro dia , e que colocava-me sem controle , absolutamente , sem controle algum do meu instinto sexual , dos meus impulsos , e , algumas vezes , até , sobre a minha razão , senti falta dela hoje . Falta do meu amigo Zé Carlos Trevisan , fanzão do Franck Sinatra . Nós tomávamos um Safrinha Especial - nome que batizei um limão do bar Três Coroas , lá da rua Bento Lisboa , bairro do Catete , no Rio de Janeiro . Só tem lá , só tem lá mesmo . Nunca tomei um limão que nem aquele em lugar algum do planeta , só lá mesmo . Aliás , arrumei até uma bronca que acabou originando o SAMBA DO HOLANDÊS , fazer o que né ?!!! Do meu amigo Henck , o holandês , agora é por tabela ... : - Henck : perdoe-me ! Por ter bebido tua garrafa de limão do seu Madureira , por favor irmão , perdoa eu por favor , livre-me do peso dessa cruz e me perdoa irmão ???!! Acho que o Henck , na moral mesmo , não me perdoa , mas , eu continuo tentando , ainda continuo pedindo perdão e ainda continuo tomando limão . Senti falta do meu amigo Thebar , que não é e nunca foi faraó do Egito , mas que é meu faraó , faraó da Metamorfose Ambulante , faraó do SPEED BOSSA BRASIL , um irmão escolhido , uma vez que parente não se pode escolher ! Falta da Lu , cabeção de bola , cabeção de feijão , cabeção do meu coração , de jogar minhas pernas sobre o corpo dela feito um cachorrinho . Senti falta da Lu , essas coisas corroem a alma da gente , né ! Senti falta dos alunos , que tanto amo , amo o exercício da cátedra mesmo , verdadeira paixão , entre outras : uma paixão incomensurável . Senti falta do táxi londrino , com meu amigo Cristiano . Senti falta da transa inacabada , senti falta de um peido fedorento , no exato instante que fui apreciar a obra mais linda da Natureza bem pertinho dos meus olhos e do meu nariz . Simplesmente senti falta de você , falta de você , uma enorme falta de você . Você , você , somente de você . Senti falta do dia que me apaixonei pela Yellow Hair , e do beijo do Meyer , o beijo mais longo e gostoso que dei na minha vida . Simplesmente ti amo e agora é NATAL !!! Feliz Natal . Senti falta do dia em que o André estava chegando e eu estava brincando dentro do valo fazendo uma represa . . Falta da minha irmã Bel , falta do Pedro quando era apenas namorado da minha irmã e saiamos pra jogar xadrez . O nego Chico do pandeiro , lá da Vila Navegantes , irmão que se criou comigo lá no Cantão da Otávio de Souza , gente finíssima , e da Saionara . Sayonara né , ainda em clima de Natal : yoroshiku onegai shimasu , ninguém é perfeito . Bah , eu então !
A Rua Otávio de Souza era bem diferente da que temos hoje , não havia asfalto . As casas , a igrejinha , a pedreirinha , todos esses elementos , faziam um cartão-postal singular daquele cantinho do mundo . Eu morava entre a rua Cachoeira , próximo da igrejinha , que ainda era toda de madeira , de cor azul celeste . Na frente da igreja havia uma pedreirinha , era assim que era chamado aquele ponto turístico , de onde podia-se ter uma visão privilegiada de uma área verde enorme . Havia também uma torneira pública , onde o povo vinha buscar água - o povo chamava essa torneira pública de PENA - procurei isso em dicionário e não achei nada sobre esse sentido da palavra , e onde , é claro podia-se atualizar todas as novas informações da área : as fofocas .
Neste cenário , mais um pouquinho abaixo , havia uma pequena lomba , onde era o palco do jogo de taco . E é justamente ai , que começa o episódio de uma planejada e bem sucedida ação de vingança . A vingança cheirosa , perfumada , com cor , com sabor de um sarcasmo único e apoteótico .
O jogo de taco , é feito com duplas , faz-se um pirâmide de gravetos - chamada de CASINHA , e um buraco na frente , onde o taco deve permanecer quando a bola estiver em movimento . A missão da dupla que fica atrás da casinha , é derrubá-la , enquanto o taco em movimento estiver fora do buraco . A dupla que detém os tacos , troca de posição , gerando pontos , quando a bola é arremessada na direção da casinha , pois esse é o objetivo : ou seja derrubá-la .
O jogo rolava normalmente , quando de repente surge o Alfredo, com a sua DKW , e estaciona o carro , praticamente ao lado de onde nós estávamos jogando . Pedimos a ele se daria pra colocar o carro mais a frente e a resposta foi ríspida : - Se por acaso essa bolinha bater no meu carro , vocês vão ver , hein ! Acho bom vocês pararem com esse jogo de merda .
Eu ainda insinuei : - A rua é pública !
O filho da puta correu atrás de mim pra me dar uns cascudos , mas não conseguiu me pegar .
Todo mundo ficou com raiva do filho da puta , eu então , nem se fala . Falou mais um monte de elogios de baixo calão e entrou no pátio da casa da namorada . Sandra , era esse o nome dela , gente boa , mas o namorado realmente estava procurando sarna pra se cagar , e se cagar mesmo .
No meio de toda essa palhaçada , percebi que ele apenas havia batido a porta do carro - a porta da DKW abria ao contrário , ou seja , a maçaneta ficava próxima do motor do carro , junto ao retrovisor , logo , dessa forma era comum entrar e jogar o corpo pra sentar . O jogo continuou , apesar de todas as ameaças do Alfredo . Entre tacadas e tacadas , a bolinha bate no retrovisor e vai parar , justamente , dentro do pátio da casa da Sandra . E lá vem o Alfredo , que nem um dragão , soltando fogo pelas ventas , com uma faca na mão . Pegou a bolinha cheio de raiva e começou a gritar : - Olha o que vou fazer com essa bolinha de merda . Meteu a faca na bolinha e jogou-a de volta pra nós . Ainda gritou mais : - Quero ver se não para essa merda desse jogo e se alguém achar ruim , eu meto a porrada .
Agora vem um detalhe importantíssimo : a bolinha de tênis era minha , só esse detalhe : a bolinha era minha .
Realmente o clima ficou pesado , muitos com medo , foram embora , outros ainda por ali , resmungavam que aquilo não estava certo .
Eu olhando aquele cenário , a minha bolinha toda retalhada , clamei por uma justiça divina , limpa : bem , nem tão limpa e que tivesse um impacto inesquecível pro Alfredo , pra ele nunca mais esquecer na vida .
Olhei , pensei em encontrar uma maneira , uma forma original , de fazer com que aquele filho da puta nunca mais esquecesse . Foi quando vi alguém saindo de uma patente - olha essa patente que me refiro , não é aquela de registrar ideia ou produto e sim de dar uma cagada , largar um barro , botar um charuto pra fora .
Ali , cada casa daquelas tinha uma patente , com um belo e grandioso buraco , que ficava cheio de merda , cheios de moscas gordinhas , pretinhas , azuladas , esverdeadas , um verdadeiro festival , com aqueles bichinhos brancos , como base de apoio logístico - os saltões - enfim , um monte de coisas que poderiam dar um brilho cheiroso , radiante , iluminado e marcante na vidinha do super Alfredo , o exterminador de bolinha de tênis , o destruidor de jogo de taco .
Peguei uma lata de tinta e um dos tacos e fui até a patente da minha casa e enchi a lata de merda , aquela merda bem fresquinha , molinha , cheirosa , com alguns grãos de feijão , pra dar um toque mais realístico , requintado , na minha vingança que já começava a ter um cheirinho de sucesso .
Começava a anoitecer e o silencio estava no ar daquele cantinho do mundo . O Alfredo com certeza , já havia esquecido da festança que ele havia aprontado , da bolinha de tênis , ou melhor , dos restos mortais de uma ex-bolinha de tênis . Ele esqueceu , mas eu : NÃO .
Com aquela lata cheia de merda , e um taco , fui sorrateiramente ao lado da DKW , e abri uma das portas e dei inicio a uma das maiores obras de arte da minha vida e da minha história neste planeta .
Comecei pelos pedais , coloquei bastante merda nos pedais , depois na direção , nos bancos dianteiros e traseiros . Ficou tão bonita a obra de arte , que faltou merda . Tive que voltar à patente e encher outra lata de merda , e refazer todo o ritual novamente . Que delícia , pensar , e aguardar a chegada do Alfredo e ver a cara de alegria de nojo e raiva , que o filho da puta iria fazer .
Pra fechar com chave de ouro , fechei a porta e passei bastante merda na maçaneta , no retrovisor . Bota merda boa nisso , não via a hora de ver a merda que toda aquela merda iria dar .
Me escondi atrás de uma moita e fiquei aguardando
a explosão da merda atômica , o terremoto de merda , um furacão de merda , uma tsunami de merda e , principalmente a cara de merda do Alfredo . E lá vem o Alfredo com a Sandra , cheio de amor pra dar pra ela . Caminham de mãos dadas ate o portão , trocam algumas caricias , algumas palavras e o beijo final , caloroso , longo , molhado , desenhando uma paixão latente entre aqueles dois lindos pombinhos .
Ele caminha até o carro e vai direto abrir a porta . Quando ele se da conta que esqueceu a porta aberta , vem ai a cheirosa e magnificente surpresa . Aquilo deveria ser gravado , um registro visual , mas ficou na minha lembrança , na do Alfredo e da Sandra , mas que com certeza não possui o mesmo brilho e significado que possui pra mim .
Ao colocar a mão na porta , e sentir aquele geleia grudada na maçaneta , o vivente começou a vomitar fogo , brasa , dinamite e clamar o nome do anjinho que teve aquela brilhante e cheirosa ideia . O homem pulava de raiva , sangue nos olhos , aquilo era mais do que raiva , pois pra cuspir fogo daquela maneira , só dragões de contos de fadas .
De longe , atrás da moita eu observava tudo , com uma alegria imensa , com uma satisfação de ter feito um bom trabalho , de ter dado uma boa lição , mas o melhor ainda estava por vir .
Eles entraram e voltaram com um balde d'água , sabão , pano e escova . Enquanto lavavam a DKW , o Alfredo continuava vomitando brasa em forma de
palavrinhas de baixo calão, desejava apenas encontrar o gênio que teve aquela brilhante e cheirosa ideia . E finalmente chegaram ao fim , lavaram o carro todinho , ele também teve que tomar um banho , pra tirar a morrinha da merda que ficou impregnada.
Colocaram pra dentro o material de limpeza e voltaram ao ritual de despedida . Ai , agora , que vem a parte mais bonita da festa . O Alfredo abriu a porta da DKW , e jogou o corpo no banco . Que coisa mais linda . Foi ele sentir que havia sentado sobre uma coisa molinha , cheirosa e cremosa . O cara deu um grito , um grito de Tarzan , de tanta raiva . Ai veio o efeito dominó , colocou os pés na merda , ao tentar sair , colocou as mãos
na merda , quando mais tentava sair da merda , mais merda aparecia . Que espetáculo maravilhoso , simplesmente maravilhoso .
Ele ficou todo cagado , todo cagado , o carro estava todo cagado , que coisa linda , ver aquela cena
cheia de merda com o Alfredo sendo o protagonista . Ele não conseguia mais falar de tanta raiva , começava a faltar brasa de elogios pra sair da boca do sujeito .
Ele saiu do carro , completamente todo cagado . Lá de trás da moita eu conseguia sentir o cheiro . Foi buscar água , sabão , pano , escova , trocar de roupa , tomar um banho , enfim , dar uma geral em tudo .
E eu com a sensação de ter feito um bom trabalho e ter dado uma lição inesquecível no super Alfredo . Com certeza , creio que pro resto da vida , quando ele ver uma bolinha de tênis , irá pensar duas vezes antes de exterminá-la . O jogo de taco ficara para sempre na memoria do vivente .
E a minha bolinha de tênis , foi maravilhosamente bem vingada , até hoje tenho boas memórias daquele dia do jogo de taco . Seco ou molhado ? Era como se escolhia as duplas pra sair jogando , apenas dando uma cuspida em um dos lados do taco . Jogava pra cima e pronto , estava iniciado o jogo .
Seco ou molhado ? Tacos , casinhas de gravetos , e uma bolinha de tênis . Acabei descobrindo depois de muito tempo que o Alfredo era gremista , vejam só , ... gremista !
O que não se faz por uma bolinha de tênis , né !
Amo sim ... Amo uma mulher tão bonita , que se parece com uma rosa . Ela é tão bonita ... que nem posso tocá-la . Que nem posso tocar pra ela . Quem nem posso trai-la ... Pois não a tenho perto de mim . Ao meu lado ... ao lado da minha música ... Ao lado do meu copo de cerveja . Ao lado do meu equilíbrio ... , ... As vezes o nome dela me confunde Uma rosa ... linda Rosa ... linda Rose Minha jangada que fica a beira do rio ... Meu burrinho que sempre me espera . E minha viola é sempre eterna ... Espera por meus dedos . Para acariciá-la sempre ... Sempre com meu amor . Rosa ... Rose ... não importa . Amo sim ... Amo um amor ... um sabor de beijo de língua quente Amo meu desejo de pegar minha jangada E atravessar o rio ... Levando junto comigo , minha linda mulher amada .
No calvário da minha cruz - Essa eu escutei no Lamas , um restaurante que fica na rua Marques de Abrantes , bairro do Flamengo , Rio de Janeiro , durante o duríssimo exercício de ter que tomar uma água mineral , com gás , é claro . A conversa era compartilhada com meu amigo e professor Camilo Attie . O tema era bem simples : homem que levou um pé na bunda da mulher amada e depois fica chorando as mágoas . Tem alguns que ficam mais fortes , até pra escrever letra de música , daquelas que faz sair lágrima da garganta do cantor . Mostrei uma letra pro Camilo ... e claro , entre dois ou três copos de água mineral , da boa , bem geladinha . Engraçado , que aquela tinha umas bolinhas e fazia uma espuminha pela berbela do copo . O título sugerido , proposto era DESAMOR . O Camilo olhou , olhou e olhou novamente , passou a mão no cavanhaque , deu uma coçada no cabelo atrás da nuca , olhou pra mim e disse : - Esse título é muito fraco , sem apelo emocional , tem que ser algo que faça sair lágrima dos zóio da cara do sujeito , só de ler o título o cara tem que sentir vontade de correr pro botequim e tomar meia dúzia de rabo-de-galo . - Tenho um título bom aqui , anota ai : No calvário da minha cruz onde sacrifiquei a dor do meu doloroso amor . - NO CALVÁRIO DA MINHA CRUZ ONDE SACRIFIQUEI A DOR DO MEU DOLOROSO AMOR ? - Sim . Respondeu ele com aquela risadinha do Muttley . - NO CALVÁRIO DA MINHA CRUZ ONDE SACRIFIQUEI A DOR DO MEU DOLOROSO AMOR . -Chamei o Marconi , garçom gente finíssima , e pedi uma água mineral , agora sem gás , pra tomar de saideira . - Olhei pro Camilo , com ar de agradecimento e disse prometendo : - NO CALVÁRIO DA MINHA CRUZ ONDE SACRIFIQUEI A DOR DO MEU DOLOROSO AMOR . Ainda escrevo um samba contando essa estória . - Saúde ... - Saúde .
SILHUETA DA ROSA Há um mistério no doce perfume da rosa . Na silhueta da sua pétala bonita ... No vermelho do seu encanto . No encontro do amor ... Com outras rosas ... com outras águas ... Com outro lábio ... com outro corpo que dança ... Me traz cheiro de felicidade ...
Me faz sorrir feito criança . Esse lindo facho de luz Que invade minha janela ... Essa Rosa tão bonita ... Na silhueta do seu cheiro . Cheiro latente ... cheiro molhado ... Que foge dos meus dedos . Esse sabor de perfume de rosa ... Esse brilho de amor da Rosa . Tomando a forma da silhueta tão rosa ... Fecho os olhos ... sinto seu cheiro . Rosa Maria ... Maria Rosa ... Seu calor tão lindo ... tão bonito ... Que aperta minha mão . Rosa deixa teu cheiro comigo ... Dentro da minha canção .
Hoje é dia 4 de janeiro de 2009 , confesso que ainda custo a acreditar , nesta data , neste dia , neste lugar onde me encontro agora . Estou no Japão , na cidade de Asaka , em Saitama , bem próximo a Tokyo . Meu apartamento é pequeno , pequeno mesmo , estou eu e minha família de instrumentos , PC , roupas , equipamento de som que acoplei ao PC , que é o meu canal de acesso de comunicação com o mundo aqui . Um país difícil de viver , principalmente com relação ao idioma , tanto falado quanto escrito , difícil fazer amigos aqui . Mas mesmo assim eu tenho que seguir em frente , uma vez que neste momento eu não tenho outra alternativa , apenas seguir em frente , desejando que este ano seja bom , não apenas para eu , mas para o mundo inteiro , que a energia positiva do Universo ilumine o coração da humanidade . O dia esta muito bonito hoje , com um sol radiante , e me vem uma vontade enorme de comprar sorvete , sentar no banquinho de qualquer parque e saboreá-lo com amor , com carinho , com tesão . Estou com uma série de desafios pela frente , dei o primeiro passo , que foi mudar-me definitivamente da cidade de Sapporo, vindo pra cá , praticamente no escuro , pois alugar um apartamento via NET e com a ajuda de um terceiro , não é mole , mas o mais importante que foi , é que mudei , e agora é bola pra frente e energia positiva . Um desses desafios que tenho pela frente ,já começou no dia 2 : cigarro e bebida , é claro que um esta diretamente ligado , estimulado pelo outro , se eu não bebo , não fumo ... não é fácil , mas eu consigo vencer essa briga . Penso que é absolutamente normal , num período de mudanças , aniversário , Natal , Ano Novo , enfim , esse movimento todo de pessoas , ações , reflexões , não fazer uma retrospectiva da minha vida , impossível controlar esse filme que passa pela minha memória todos os dias por aqui . Vou dar-me um pequeno presente hoje , que será comer um bom prato de feijão com arroz com um bife , acompanhado de uma saladinha de alface com tomate . Vou ter que pegar dois trens para ir até o restaurante : de Asaka até Shibuya , depois de Shibuya até Gaien-Mae . De fato , não é minha praia essa Via Sacra , mas vou encará-la , preciso ver movimentos e pessoas , e hoje , na moral mesmo , degustar um bom prato de feijão com arroz .
Mulheres e mulheres , muitas mulheres , carregando bacias e trouxas de roupas , desciam pela Rua Otávio de Souza na direção do Zé do Mato , que era o nome de um armazém , melhor dizendo boteco , botequim , onde o Arroio Passo Fundo ( Não localizei no Google . Ficava atrás do colégio Piauí . ) fazia uma curva e se dividia passando entre muitas rochas ,que serviam como tabuas , naquele cartão-postal que era uma verdadeira lavanderia pública . ( Arroio Passo Fundo - localização 2 - click aqui . ) A água era limpa , cristalina , inodora , enquanto as mulheres lavavam roupas , a gurizada tomava banho no arroio , procurando apenas tomar cuidado com as XAMISHUNGAS - olha , eu já procurei essa palavra no dicionário e não encontrei ... já vi escrita com CH e X no meio ... deve ser coisa de subúrbio de gaúcho ... vamos lá : a CHAMIXUNGA ou a XAMISHUNGA era um bichinho parecido com uma minhoca preta que vinha pela correnteza do arroio , e que quando grudava na pele , ou melhor dizendo , no couro do vivente , dava uma ardência ... bom , depois eu fui sacar o que era aquilo : eram células urticantes que o bichinho tinha e tem ... já vi alguns bichos parecidos , mas pra eu sempre vai ser XAMISHUNGA . O Arroio Passo fundo era tão limpo , mas tão limpo , que tinha : lambari , cascudo e viola . A gurizada pescava com saco de linhagem , fazendo como se fosse rede , era só cutucar numa moita e colocar o saco na frente , e lá vinha o cardume : peixe fritinho na certa pro café da tarde . Aquele lugar era boca muito braba , pois não tinha a menor infraestrutura sanitária : água e esgoto ainda eram ficção . Havia uma torneira pública na altura da Rua Cachoeira com a Otávio de Souza , torneira que era chamada de PENA , onde o pessoal fazia fila pra encher latões , baldes e BARDES e carregar até o barraco , meia-água , chalé , colocar essa água numa TALHA ou armazenar em CISTERNA ou TONEL .
Barraco , meia-água , chalé , e tinha ainda o que o povo chamava de MALOCA , que era um pessoal mais pobre ainda , que morava mais pra cima do morro . Neste quadro , em cada barraco , generalizando agora , tinha uma PATENTE . Não estou falando de PATENTE de patentear algum produto ou ideia , e sim da PATENTE onde se faz coco ... a PATENTE tinha esse desenho na minha cabeça , o lugar onde a pessoa vai dar uma cagada , vai fazer um barro ... e aquele lugar era uma maravilha , no verão então , com aquele montão de PATENTE , com os buracos cheios de merda , tinha mosca de tudo quanto era espécie : gordinha , magrinha , azul , verde , preta . Depois de lavar muitas roupas , minha mãe as coloca numa bacia e as equilibra na cabeça . Subimos novamente a rua Otávio de Souza , na direção da Igrejinha ( click aqui para ver . Antes era de madeira na cor azul celeste . ) , na direção da Pedreirinha , voltando pro barraco , pro chalé , pra meia-água . Ela pega um BULE e um saco de coar café . Está visivelmente cansada , exausta . Com uma caneca retira água do balde ou do BARDE e coloca na chaleira . O carvão , o querosene , o bule , o saco de café . Vai levar alguns bons minutos pra brasa ficar no ponto pra fazer um cafezinho no fogareiro de carvão .
Não escutas mais a minha voz Pois não a tenho mais ... O brilho do carinho dos teus olhos . O vento leva minha canção ate você ... Leva um pouco do carinho que ficou comigo . ... com todo meu carinho ... Um pouco do amor que não se acaba ...
Um pouco de uma lágrima no meu rosto. O vento leva minha canção ate você ... Leva o gosto do teu beijo molhado. Que ficou na minha boca ... O gemido do sexo que ficou nas minhas pernas . Banho-a delicadamente feito criança ... Não escutas mais minha voz .
Pois deixaste escapar teu amor ... O vento leva minha canção ate você . Soprando teus cabelos ... tocando todo teu corpo ...